quarta-feira, 17 de março de 2010

A verdade às vezes é desconcertante, engraçada e ambígua...

      A obra Tertúlia de Mentirosos: contos filosóficos do mundo inteiro, de Jean-Claude Carrière, reúne  pequenos contos que tratam de todas as questões que, ao longo da História da Humanidade, sempre inquietaram o Homem. Como se diz numa das badanas do livro, estes contos "dizem verdades que só os mentirosos conhecem", sabendo que os "mentirosos" em questão são os contadores de histórias, que, ora as inventaram algures no tempo, ora as perpetuam continuamente de cada vez que as enunciam.
      E assim se citam dois exemplos, com "verdades" a descobrir...

 O destino do cabrito
      Rabindranath Tagore contou esta curta história, vinda provavelmente da tradição popular indiana:
      O cabrito foi um dia ter com Brama, o criador, e queixou-se amargamente da sua condição.
      - Todas as criaturas - diz ele - querem fazer de mim seu alimento. Como pode isto ser, ó poderoso Brama, servir-lhes eu assim de alimento? Achas justo?
      Brama escutou-o e respondeu:
      - Que queres que te diga, meu filho? Eu próprio, quando te vejo, sinto água na boca.

Para recordar
      Atribui-se a Rumi a seguinte observação:
      - Quando o tempo se tiver escoado, quando já não estivermos cá, ver-se-á então se ainda se lembram de nós. As leis antigas são sempre as mais fortes. Tende confiança. Ouvistes muitas histórias que começam por "era uma vez um leão". Tereis ouvido muitas histórias que comecem por "era uma vez um chacal"?