terça-feira, 30 de março de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

"As a keepsake or souvenir"

      Andar em arrumações dá nisso...
      Numa caixa, debaixo de uma série de álbuns fotográficos (hábito recém-perdido, infelizmente, devido às pastas informatizadas que algum dia serão consumidas por um vírus bem mais letal do que a traça), encontrei o meu único e sobrevivente diário! Não que estivesse esquecida da sua existência, mas há algum tempo que não o abria.
      Pela (re)leitura da primeira entrada (24 de Dezembro de 1986), início da adolescência, constatei que não parece que várias ampulhetas foram entretanto viradas na minha vida. Será que permanecemos os mesmos ao longo desta nossa irreversível caminhada? Tudo o que fomos vivendo provocará alguma mudança profunda em nós? De facto, a voz enunciadora que escutei sobressair daquelas linhas ainda perfumadas está colada intensamente ao meu ser. Desdobrar-me em outra(s); não me reconhecer no que ali está... não me parece de todo razoável. Só talvez a caligrafia.
      Prenda de Natal, o diário abre com o balanço das prendas recebidas; o estado do tempo; as notas do 1.º período; o balanço dos rapazes considerados interessantes que naquele dia passaram por mim; a referência aos quatro filmes vistos e revistos em família e à minha mãe que, na cozinha, preparava o jantar de festa. Nada de conflitos existenciais, provas de rebeldia juvenil. A vida naquele Natal fluia em branca nuvem... Será que não tive adolescência?
       Será que o que estou Agora Aqui a escrever neste blogue (diário dos novos tempos?) me parecerá um dia um lugar tão familiar e próximo?

Imagens de arquivo IV...

Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência... ou talvez não!

Sem título... ou melhor... título para um epitáfio


"Quando eu morrer, voltarei para buscar
os instantes que não vivi junto do mar"

Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 28 de março de 2010

Partidas...

(imagem encontrada em http://www.joaobarcelos.com.br/)

"Em geral, o amor chega à velocidade da luz; a separação, à velocidade do som. É a passagem de uma velocidade para outra, a perda, que torna os olhos húmidos. Na medida em que somos seres finitos, deixar este lugar tem sempre qualquer coisa de definitivo; deixá-lo atrás de nós é deixá-lo para sempre. Porque partir é exilar os olhos nas províncias de outros sentidos, ou melhor, nas fendas e recônditos do cérebro.  Porque os olhos se identificam, não com o corpo de quem fazem parte, mas com o objecto da sua atenção. E da perspectiva do olhar, por motivos puramente ópticos, a partida não é o corpo que abandona a cidade, mas a cidade que abandona a pupila. Do mesmo modo, o desaparecimento do ser amado, sobretudo quando se não faz de uma só vez, é causa de dor, seja qual for a razão de quem parte e a causa por que o faz. O mundo sendo o que é, esta cidade é o grande amor do olhar. Depois dela, tudo é decepção. A lágrima é a antecipação pelo olhar do futuro que o espera." 

Joseph Brodsky, Acqua Alta

Imagens de arquivo III... Saint-Malo (França, 2007)

      "Jantar em Dinard, para onde nos dirigimos de barco. Ao afastarmo-nos de Saint-Malo, vamos ganhando do lado do mar uma imagem de conjunto do que se designa como o espaço "intra-muros". É como se fosse um forte imenso, impressionante pelo traçado rigoroso de todas as casas, formando um só bloco de pedras, telhados e janelas. É uma mancha granítica pousada sobre o mar, iluminada pelo sol, esmagadora na sua grandeza arquitectónica, afirmação de vontade e soberania numa prosa de pedra. Mas, se nos voltarmos para o lado de Dinard, é a poesia que nos espera, ou, pelo menos, um outro tipo de ficção, já não o tempo dos corsários, mas o fascínio dos casinos, um extenso terraço sobre a praia, e começamos lentamente a imaginar, como num filme, o círculo ondulante das valsas em que os amantes durassianos se desejavam no sonambulismo alucinatório das noites de Verão."
Eduardo Prado Coelho, Tudo o que não Escrevi, vol. 2, p. 232

sábado, 27 de março de 2010

The Opiates, "The Siren Songs"


"I want to drown in her precious arms
I want to listen to the siren songs
She got me down into the water
And she got me holding on
 [...]
So let me drown in those precious arms
With all my untouchabilities washed away
Let me for once be lost for reason
Let me be lost
For words"

Por uma questão de saúde pública...



"Está provado que olhar para uma paisagem bonita liberta endorfinas boas para as artérias."

Manuel Carrageta
(presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia),
Expresso, 27/03/10

"Mona Lisa": para ver e ouvir...


(Hoje, com o Expresso, Nat King Cole)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Viagens...

      "Por vezes, a maior viagem é a distância entre duas pessoas" é a frase que se apresenta na capa do DVD do filme (oferta na revista Volta ao Mundo deste mês).  No meio de todas estas viagens, também eu me perdi durante 119 minutos pelas terras  invadidas pela cólera que devastou a China dos anos 20, mas curiosamente o cenário perfeito para uma história de amor ... que tem um final triste...
      Há uns posts atrás (ver dia 14 de Fevereiro), por acaso, já tinha falado desta triste associação...
      Baseado no romance homónimo de Somerset Maugham, o filme tem como protagonistas Edward Norton e Naomi Watts ( a bela loira de "King Kong"), um jovem casal que descobre o amor após a traição de uma das partes... após o desterro em tão inóspito ambiente...
      Foi quando a distância se encurtou.
      Foi quando a viagem chegou ao fim.
     Infelizmente, confesso que ainda não percebi o título do livro/filme. Não me recordo de nenhuma cena significativa que envolvesse um véu... pintado... Mas não faz mal... Como se não bastasse a beleza das paisagens, o enredo e o desempenho das personagens, a música, tenho mais um bom motivo para rever o filme e tentar decifrar o enigma...
      Cena desnecessária do filme: o reencontro de Kitty Fane com o ex-amante nas ruas de Londres vários anos depois. Não era preciso vermos Kitty Fane a literalmente "despachá-lo". Já se tinha percebido que, depois do que a personagem viveu e perdeu na China, jamais voltaria a querer encontrá-lo, mesmo sabendo que o filho poderia ser dele.

(Obs.: a música que acompanha este trailer pertence ao filme "O Último Samurai", não ao filme em questão, ficando muito atrás de outras que lá surgem.)

terça-feira, 23 de março de 2010

Grandes filmes/séries (de guerra), grandes músicas...


("Gallipolli", 1981: "Adagio in G minor" de Tomaso Albinoni)


("A Lista de Schindler", 1993: "Schindler's List" de John Williams)


("Band of Brothers", 2001: "Main Theme" de Michael Kamen)


("Platoon", 1986: "Adagio for Strings" de Samuel Barber)


("The Thin Red Line", 1998: "Melanesian Choirs" - Hans Zimmer)

O que hei-de fazer? Gosto de filmes de guerra... principalmente destes cuja música é tão ou mais forte do que a explosão duma granada numa trincheira...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Fins-de-semana com ou sem "Super Bock"...


Antes de mais, tenho a dizer que acho as publicidades da "Super Bock" (e passe a publicidade) muito apelativas, facto que deriva em parte da banda sonora nelas presente. São sempre escolhidas músicas geniais que se ligam na perfeição às imagens que (com mais ou menos álcool à mistura) vão passando diante dos nossos olhos.
Esta que aqui coloco é (até ao momento) a que mais me cativou. Claro que não foi ainda suficiente para ir consumir sofregamente o produto, mas não deixa de ser uma peça muito bem conseguida.
No entanto, nas primeiras vezes em que a vi não devo ter feito a leitura mais correcta, pois associava a energia, a diversão e a alegria de viver intensamente à bebida que seria tomada em doses industriais. Sem elas, o fim-de-semana não teria o mesmo interesse.
Depois, comecei a ver que se calhar a bebida estaria ali, em paralelo, mais como uma companhia extra (não 100% saudável, mas...) do que como uma causa para a alegria que jorra a molhos do ecrã da televisão (no cinema o efeito ainda é mais surpreendente). Seria mais um elemento a juntar à enorme capacidade de os jovens se divertirem. Sem ela, provavelmente divertir-se-iam na mesma...
Ainda não tenho bem a certeza disto que estou a dizer... Vou continuar a reflectir...
 A verdade é que para muitas pessoas só é "fixe", "cool", etc.,  quem já entornou pelo menos cinco cervejas e três "shots"... Os outros são uma "seca"!

domingo, 21 de março de 2010

"Ó Mio Babbino Caro", Puccini


Esta semana,  a colecção "Grandes Vozes", promovida pelo jornal Expresso, traz um CD dedicado a Maria Callas. Tem sido uma boa companhia auditiva esta tarde...
A acrescentar ao de Frank Sinatra (semana passada), sairão os de Nat King Cole, Billie Holiday, Edith Piaf.
Quais serão as "Grandes Vozes" a serem editadas em tom saudosista e revivalista daqui a 20, 30 anos?

Assim como que à laia de Top +... e -

Este post é muito simples, curto e inspirado nas secções dos jornais que assinalam o que de mais positivo e negativo marca o dia, a semana... em vários quadrantes da esfera pública do país. Assim também apeteceu fazer um, só que numa esfera mais privada, mas não tanto que chegue a ser íntima, pois este não é, seguramente, o espaço mais adequado para tal.

Top +
1. O sorriso cúmplice que tudo diz, sem ser preciso o ruído da palavra;
2. A comida da minha mãe;
3. Acordar num Domingo, pensando por breves segundos que já era Segunda-feira, e afinal... ainda é Domingo.

Top -
1. A insensibilidade;
2. Buracos na estrada;
3. Condutores que não usam o sinal de mudança de direcção (ou o usam ao contrário).

sábado, 20 de março de 2010

Hoje a Primavera passou por mim assim...

"Primavera"

A "Primavera" de Botticelli é uma alegoria sobre a harmonia da natureza e da humanidade e contém muitas figuras míticas, incluindo Vénus (a ligação entre a natureza e a civilização) e Mercúrio. No extremo direito do quadro, a figura de Zéfiro (o vento oeste da Primavera) persegue Clóris, que depois se transforma em Flora, a deusa das flores. Um Cupido com os olhos vendados atira as suas setas às Três Graças (as criadas de Vénus) que se julgava representarem as três fases do amor: a beleza, o desejo e a realização.

Irmã Wendy Beckett, História da Pintura  

sexta-feira, 19 de março de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

De árvores e de livros...

(Estas árvores fabulosas são seguramente uns livros a menos na minha estante, mas não faz mal; estão muito bem onde estão...)

"Um livro é feito de uma árvore. É um conjunto de partes lisas e flexíveis (que ainda se chamam folhas) impressas em caracteres de pigmentação escura. Dá-se uma vista de olhos e ouve-se a voz de outra pessoa - talvez alguém que já tenha morrido há milhares de anos. Através dos milénios o autor está a falar com clareza e em silêncio dentro da nossa cabeça, directamente para nós. A escrita foi talvez a maior das invenções humanas, ligando as pessoas, cidadãos de épocas distantes que nunca se chegaram a conhecer. Os livros quebram as cadeias do tempo, provam que os seres humanos são capazes de exercer a magia."

Carl Sagan,  Cosmos

Ainda da Tertúlia de Mentirosos...

Para explicar a existência de Deus, nem sempre são precisos 73 livros...

Onde mora Deus?

      Um grande mestre da tradição hassídica, Ytzhak Meir, era ainda criança quando alguém lhe disse, para se divertir:
      - Dou-te um florim se me disseres onde mora Deus.
      - E eu - respondeu a criança - dou-te dois florins se me disseres onde não mora.

Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos, p. 26

quarta-feira, 17 de março de 2010

"Abraça a Vida"


É pena que a Vida não funcione em câmara lenta...

Imagens de arquivo II

(Lago Como - 2009)

A verdade às vezes é desconcertante, engraçada e ambígua...

      A obra Tertúlia de Mentirosos: contos filosóficos do mundo inteiro, de Jean-Claude Carrière, reúne  pequenos contos que tratam de todas as questões que, ao longo da História da Humanidade, sempre inquietaram o Homem. Como se diz numa das badanas do livro, estes contos "dizem verdades que só os mentirosos conhecem", sabendo que os "mentirosos" em questão são os contadores de histórias, que, ora as inventaram algures no tempo, ora as perpetuam continuamente de cada vez que as enunciam.
      E assim se citam dois exemplos, com "verdades" a descobrir...

 O destino do cabrito
      Rabindranath Tagore contou esta curta história, vinda provavelmente da tradição popular indiana:
      O cabrito foi um dia ter com Brama, o criador, e queixou-se amargamente da sua condição.
      - Todas as criaturas - diz ele - querem fazer de mim seu alimento. Como pode isto ser, ó poderoso Brama, servir-lhes eu assim de alimento? Achas justo?
      Brama escutou-o e respondeu:
      - Que queres que te diga, meu filho? Eu próprio, quando te vejo, sinto água na boca.

Para recordar
      Atribui-se a Rumi a seguinte observação:
      - Quando o tempo se tiver escoado, quando já não estivermos cá, ver-se-á então se ainda se lembram de nós. As leis antigas são sempre as mais fortes. Tende confiança. Ouvistes muitas histórias que começam por "era uma vez um leão". Tereis ouvido muitas histórias que comecem por "era uma vez um chacal"?

terça-feira, 16 de março de 2010

"O preço dos combustíveis volta a subir! Concorda?"

A pergunta lançada pelo programa "Estação de Serviço" (RTP Açores) desta tarde foi: "O preço dos combustíveis volta a subir! Concorda?"
Será que alguém telefonou (gastando mais alguns preciosos cêntimos a acrescentar ao desfalque que vai continuar a ter com a subida dos combustíveis) a responder que SIM? Ou eu não estou a ver a profundidade da questão lançada , ou então ninguém no seu perfeito juízo pode ser a favor da subida do preço dos combustíveis ou de qualquer outro produto. Foi pena não ter podido ficar a ouvir o programa. Teria sido interessante escrutinar os eloquentes argumentos a favor, já que os que são contra este aumento me parecem óbvios e os únicos possíveis... Aliás, foi curioso observar que a própria apresentação do assunto já trazia em si mesma (pela expressividade transmitida pelo ponto de exclamação) uma orientação de resposta algo tendenciosa...
Entretanto, pus-me aqui a imaginar...
"- Boa tarde, obrigado (porque o jornalista é do sexo masculino, claro!) por participar no nosso programa. Então o que acha da subida do preço dos combustíveis à meia-noite de hoje? Concorda?
- Boa tarde, claro que concordo. Aliás acho que esta medida já veio um pouco tarde. Tenho escrito várias cartas aos Ministros das Finanças, da Economia e até ao nosso Primeiro a pedir que se comece a subir diariamente o preço dos combustíveis. Isto assim não pode ser. Temos de ajudar o país a sair da crise. Toda a ajuda é pouca para encher os cofres do Estado e das empresas do ramo. Até já ouvi dizer que vários sheiks das Arábias andam a ficar pobrezinhos e a ter de vender os seus aviões particulares. Se o meu depósito vai passar a andar mais vezes no vermelho não faz mal. E sempre posso cortar nas despesas de alimentação dos meus filhos, ir menos vezes ao dentista...
- (meio desconcertado, sem entender se a telespectadora estava a ser irónica ou..., o jornalista decide interromper a conversa) Muito bem, penso que já entendemos o essencial da sua ideia. Vamos passar a outro ouvinte..."

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ainda não tinha falado de Jim Caviezel?

Quando chegarem as férias e houver tempo para (re)ver alguns filmes, decerto passarei por alguns de Jim Caviezel. Se tiver coragem, tentarei "A Paixão de Cristo" em plena Sexta-feira Santa... Não é um filme de se ver em dias em que a sensibilidade ande mais à flor da pele, mas não deixa de ser um filme apelativo, com algumas passagens de grande valor estético e poético... Com menos uns litros de sangue a jorrar e seria perfeito.

domingo, 14 de março de 2010

Imagens de arquivo I...

(Lagoa das Furnas - 2006)

(Lago Lugano - Suiça - 2009)

(Lago di Garda - Itália - 2009)

Amar... é complicado

Amar... é complicado, ou melhor, amar...  não é o suficiente. Tanto é assim que Jane (Meryl Streep) e Jake (Alec Baldwin), apesar de terem reencontrado o amor após dez anos de divórcio, não têm um happy- ending ao estilo de Hollywood e afastam-se amorosa e definitivamente (?) no final do filme. Haver um Adam (Steve Martin) a declarar-se a Jane parece ser mera coincidência. Não creio de fosse uma peça fundamental para o ex-casal não ter reatado a relação, não obstante ficar, no fim do filme, uma porta aberta para a possibilidade de Jane e Adam poderem partir do zero e construir uma NOVA história de amor, metaforicamente representada pela construção do anexo no jardim de Jane, cujo projectista é precisamente Adam.
Foram mais as vicissitudes da vida, o inefável efeito da ampulheta do tempo que passa que não simplificaram a vida a Jane e Jake. Contrariando a vontade que se possa sentir ao ver o filme de os dois ficarem juntos, reconhece-se que provavelmente foi melhor assim... Tinham-se quebrado já demasiados cristais; não havia forma de voltar atrás, à inocência do amor. Será mesmo assim? Será uma nota pessimista sobre o amor ou a constatação de uma verdade? Acredito que seja complicado responder...

sexta-feira, 12 de março de 2010

A verdade (que não é apenas a artística)



(Pablo Picasso, "Les Demoiselles d'Avignon")

(Jackson Pollock, n.º 8)

"A verdade artística significa não sermos dominados pela vontade de agradar."
Laura Morante

Dizer sempre a verdade, ser sempre verdadeiro  são tarefas árduas que nos deixam muitas vezes perante vários conflitos, dilemas, principalmente quando somos dominados pela vontade de agradar aos outros. Na arte, esta verdade que se associa à liberdade criadora de cada artista foi assim definida por Laura Morante. Na vida (real), a situação não parece ser muito diferente. Todavia, às vezes, falta-nos a coragem e a liberdade de um Picasso e de um Pollock...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Crónicas de um fim de tarde no ginásio... Episódio II

Decididamente... não me importava de partilhar a plataforma de aprendizagem...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Crónicas de um fim de tarde no ginásio... Episódio I

Neste que espero que seja o Episódio I de uma saga que retrate momentos inusitados, divertidos, etc.,  tenho a relatar o seguinte: não é que tenha alguma coisa contra quem não sabe nadar (yo!!), até porque não sou nenhuma Esther Williams, mas esta tarde ao ver, como vou explicar, um elemento do sexo masculino, com porte de Johnny Weissemuller e  ar de Tom Cruise, a entrar na piscina, agarrar-se a uma plataforma flutuante (vulgo braçadeira quandrangular) e nadar à cãozinho, com os pezinhos a dar a dar, tive de pestanejar três vezes seguidas (espero que ele não tenha visto) para ter a certeza de que não estava a sonhar. Não estou a inventar, até porque, como sabemos, a realidade é bem mais rica do que a ficção. Espero que o distinto aprendiz nunca leia este post se, eventualmente, num dia destes, me convidar para ir à praia. Mas, vendo bem, até que não fui assim tão mazinha. Ou fui?

Dia Internacional da Mulher...

(Podia ter posto aqui uma fotografia maravilhosa da Charlize Theron, da Nicole Kidman ou até da Catherine Zeta-Jones; no entanto, nos tempos que correm já não se pode confiar em tanta perfeição. Serão mesmo assim? É cirurgia ou Photoshop? Por isso, aqui vai Vénus no seu nascimento e para sempre bela tal como Botticelli a pintou.)

8 de Março de 1857, Nova Iorque, mais de uma centena de operárias mortas durante protestos sobre condições de trabalho...
A História deste dia começa aqui, mas continua diariamente na vida de cada Mulher...
Depois de tudo o que a Mulher conquistou através de décadas de penosa emancipação, estará Ela mais feliz e realizada com os seus triunfos profissionais, pessoais...? Será que tem valido a pena querer ser igual ao Homem?

P.S. Desabafo alusivo à efeméride: confesso que  me causa alguma impressão ver como uma mulher a andar de bicicleta sozinha em terras de coriscos mal-amanhados é ainda alvo de tanta estupefacção... Quase que pára o trânsito... E, não pensem que é para, por cavalheirismo, ceder a passagem...  É mais para ver bem quem é "a atrevida, quiçá desocupada, que não tem um monte de loiça para lavar em casa, nem roupa para passar a ferro!!"

Era uma vez uma "Belfast Child" que num certo "Sunday, Bloody Sunday"...





Arte pela Arte ou Arte Comprometida com a denúncia de problemas sociais, políticos, ideológicos?
Neste caso e para o mesmo problema que foi (espero que não volte a ser) a violência na Irlanda do Norte, o IRA, os reflexos que esta teve na Arte, na música em concreto, trouxeram duas bonitas melodias. No meu caso, a música dos U2 (e a dos Simple Minds em menor escala) foram uma porta de entrada para estas questões bélicas que efervesciam nos anos 80. Ajudaram-me a tomar consciência de que o mundo não era tão perfeito como numa misteriosa Ilha Verde no meio do Atlântico...

domingo, 7 de março de 2010

"And the Oscar goes to..."



Se amanhã não fosse dia de trabalho, até que passava a noite a ver a Red Carpet, os discursos bem decorados e uma ou outra estrela. Assim, a caixinha maravilhosa da MEO vai ver e gravar as estrelas em primeira mão.

P.S. Espero que a Meryl Streep ganhe!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Também há declarações de amor assim...



"But nothing is as beautiful as when she believes
when she believes in me!"

Amar é acreditar.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Para (continuar a) reflectir...

Em seguimento do post anterior, leiam-se as palavras de Miguel Sousa Tavares:

Cybercobardia

"Excepção feita ao correio electrónico e à consulta de "sites" informativos, a Internet interessa-me zero. Todo esse universo dos "chats" e dos blogues não apenas me é absolutamente estranho como ainda o acho, paradoxalmente, uma preocupante manifestação de um processo de dessocialização e de sedentarização das solidões para que o mundo de hoje parece caminhar. Saber que nesses "sítios" imateriais é possível fazer praticamente tudo, desde arranjar parceiros amorosos até recrutar terroristas não é, a meu ver, um progresso ou facilidade, mas uma espécie de impotência, de desistência de viver a vida como ela é.
Tenho lido muitas opiniões contrárias, de gente que acredita que os blogues e toda essa conversa in absentia são uma forma moderna de democracia de massas, directa e instantânea, como nunca houve: uma espécie de "speaker's corner" planetário. Mas discordo: não penso que a qualidade da democracia se meça pela quantidade de envolvidos e, menos ainda, pela irresponsabilidade. Não há liberdade de expressão onde existe impunidade do discurso. E se no "speaker's corner" fala quem quer, também é verdade que quem fala tem rosto a descoberto, pode ser convidado pelos circunstantes a identificar-se e pode, sobretudo, ser confrontado por estes - enquanto na maioria dos blogues o anonimato é regra, santo e senha."

Miguel Sousa Tavares, Expresso, 28 de Outubro de 2006

Para reflectir...

"- Milhões de pessoas escrevem diários em forma de blogue na Internet e revelam fotografias pessoais ou vídeos a pessoas completamente desconhecidas. Porquê?
- É simples: podem dessa forma informar o mundo inteiro da sua existência. Anteriormente, as pessoas - em especial os adolescentes - construiam a sua identidade essencialmente a partir da moda. Esforçavam-se por chamar a atenção para uma indumentária precisa, para os "piercings", os cabelos azuis. Basta passar cinco minutos no Metro para ver desfilar tudo o que pode existir em matéria de auto-representação. Mas há muito que isso já não nos diz nada.
Os novos meios de comunicação oferecem um novo terreno para o exibicionismo fácil. Permitem afixar uma representação de si que ultrapassa os limites corporais e construir um eu completamente diferente."

Excerto da entrevista a Norbert Bolz, publicada no Courrier Internacional de 1 de Setembro de 2006

quarta-feira, 3 de março de 2010

Não resisti. Cumpri.

Para terminar a passagem diária por aqui...
Em (auto)-resposta ao post abaixo, o verso que proponho é:

Sombra verdejante que chega ao mar.

Às vezes também sou assim: impaciente. Esperei uma horita (talvez um pouco mais); vi a areia a escorrer... e não resisti. Quando há algo para fazer, porquê esperar? Não dou este gostinho ao tempo. Por vontade própria não. Será virtude? Será defeito?

Infinitos de azul...



É verdade que cada cor tem a sua beleza própria; mas, que outra, sem ser o azul, nos dá estes infinitos de transparências, de opacidades?

Oops... I did it again...

Como é possível não gostar disto? Comecei há dois dias o segundo volume e ainda não parei de sublinhar, rabiscar o livro. Já não sei ler um livro sem um lápis à mão...

"[...]apetece-me apaixonadamente defender um mundo em que as coisas frágeis, belas e desamparadas, como os quadros, as canções de amor, os búzios, os lápis de cor, as fotografias escondidas em gavetas, os desenhos e as sombras nas paredes, os beijos nos bancos de jardim, as vozes dos actores e o sono dos gatos, e os livros, claro, todos os livros do mundo, tenham direito a uma protecção legítima e soberana."

E.P. Coelho, Tudo o que não Escrevi, vol. 2, p. 26

Ainda Eduardo Prado Coelho...

"Quando amamos alguém, não o fazemos pela soma mesquinha das suas qualidades. O amor está para além desse cálculo vulgar: amamos alguém como ele é, um ser qualquer, mas único."

Eduardo Prado Coelho, Tudo o que não Escrevi, p. 269

Pelas vezes que já citei esta obra, já devem ter percebido que me tornei "fã" das confissões diarísticas do autor. Se calhar é porque ando mais sensível a estas questões, consequência das minhas leituras sobre o discurso ensaístico e diarístico... ou então?

"Sonho Oriental"

O texto que a seguir transcrevo intitula-se "Sonho Oriental". Trata-se um soneto de Antero de Quental, nome maior da literatura e do pensamento portugueses que dispensa mais e demoradas apresentações. É um poema que (sinceramente) só recentemente me foi dado a conhecer, mas também não se pode pretender que, por fazer da literatura/língua portuguesa a minha profissão, área de investigação e muito do meu tempo livre, conheça todos os textos... Todo o soneto é, no meu entender, bastante rico, expressivo e, como se não bastasse, transporta o leitor para terras do Oriente (sobre as quais como já devem ter percebido, até por posts anteriores, nutro um interesse particular). No entanto, e sem mais dispersões, ao ler o último verso, fiquei com a sensação de que a atmosfera etérea, fantástica (associada a fantasia, claro!) até, recriada até àquele momento, se perde nas suas palavras; ou seja, para tudo o que é dito anteriormente, o poema "mereceria" outro remate...

Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fungente
E a lua cheia sobre as águas brilha...

O aroma da magnólia e da baunilha
Paira no ar diáfano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...

E enquanto eu, na varanda de marfim,
Me encosto, absorto num cismar sem fim,
Tu, meu amor, divagar ao luar,

Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descansas debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.


"Tendo aos pés um leão familiar"? Soa-me seguramente a pouco...

Se alguém for suficientemente corajoso, pode tentar reescrever o último verso e postá-lo aqui... Não se esqueçam é de respeitar o verso decassílabo, e a rima em -ar (de luar)... Também vou tentar. Se sair alguma coisa de jeito, juro que partilho, não vão pensar que eu Falo, Falo, Falo... e depois...

Em jeito de remate (e de alargarmento), ficam as palavras de Eduardo Prado Coelho, retiradas do 1.º volume do seu diário Tudo o que Não Escrevi...
"Há frases que são absolutamente decisivas no curso da leitura de um livro. Quando chegamos a elas, fazemos uma espécie de pausa para reflexão (mas é sobretudo para respirarmos), e dizemos: 'está ganho!', isto é, consegui ganhar mais um livro para mim, a partir de agora este livro vai ser também um livro meu. Depois, a leitura prossegue, mas com outra serenidade: sabemos que uma evidência se instalou em nós, obstinada, inamovível. Porque houve uma frase que de súbito nos tocou mais do que a soma de todas as outras - e que fez dessa soma algo de inteiramente novo, uma cor desconhecida, na nossa experiência da literatura." (p. 266)