Agora que já terminei a fase de ler todos os livros que encontrei que estivessem relacionados com a Índia (o último foi Por Amor da Índia, de Catherine Clément, no passado fim-de-semana), o que não quer dizer que este país seja já um assunto arrumado, está na hora de passar a outras leituras.
Assim, o vale de desconto da Bertrand (passe a publicidade) fez-me trazer para casa um velho amigo, lido por empréstimo há vários anos (O Carteiro de Pablo Neruda, Antonio Skármeta), e um novo amigo (O Sonho do Celta, Mario Vargas Llosa). Será a minha estreia nas letras do Nobel da Literatura de 2010.
Para já, e como o tempo ainda não deu para mais, anoto a citação em epígrafe à obra do peruano:
"Cada um de nós é, sucessivamente, não um, mas muitos. E estas personalidades sucessivas, que emergem umas das outras, costumam oferecer entre si os mais estranhos e assombrosos contrastes." (José Enrique Rodó, Motivos de Proteo)
É a forma perfeita de nos arrastar para a intriga. Assim como há personagens que ao longo do seu processo de composição narrativa revelam várias facetas que lhes dão um corpo e uma alma e as ajudam a ser verosímeis ao nossos olhos exigentes, também "nós" não somos só o rosto que vemos no espelho ao acordar. Ao longo do dia, vamos ajustando a nossa imagem aos vários espelhos que nos colocam à frente.
É a literatura que imita a vida? Ou a vida que imita a literatura?