segunda-feira, 21 de junho de 2010

Para reflectir...

      Quanto mais escrevo neste blogue mais certa estou de que se trata de uma forma de diarismo. O suporte (informático) é que é uma novidade dos tempos. De vez em quando corro para aqui (tal como vejo fazer muitos outros bloggers) em busca de um lugar de convívio comigo e com os outros. Começou por ser uma espécie de experiência (não propriamente sociológica, porque tinha de me dedicar a análises estatísticas e a comprovações científicas, entenda-se a parte aborrecida da questão), mas de tentar perceber melhor, através do meu próprio juízo, o que leva os diaristas/bloggers a este processo de autodesvelamento voluntário. Tem sido também um meio de me rever um pouco no papel do escritor que ando a estudar.
      Balanço das conclusões até ao momento: 104 páginas de árduo trabalho e umas gotas de inspiração... 
   
“Rabiscar estar notas é, pois, encontrar-me numa dimensão situada à margem dos afazeres profissionais e, por isso, elas me são gratas. Porque me divertem, distraem, estimulam, apesar de fragmentárias. Bem ou mal, isoladas ou em conjunto, traduzem uma forma de convívio, e é isso que eu nelas procuro. Feitas as contas, um diário pouco mais é do que isso: um modo de ir andando a sós, por entre as horas e os dias.”

Marcello Duarte Mathias, O Diário de Paris, p. 329