sábado, 13 de novembro de 2010

Sobre a solidão...


(31/10/2010)
"Assim a solidão não é um estado (útil e interno) com que enfrentamos a agitação (estéril e exterior). O capital que trazíamos connosco para o isolamento pouco a pouco vai-se consumindo. E ficamos com o vazio a preencher-nos. O silêncio é bom enquanto dura a memória do ruído. Perdida ela definitivamente, o que fica não é a pacificação mas a imbecilidade, que está logo a seguir." (p. 54)

"Viver só. Estar só até à morte. Ninguém quer conhecer-nos para nos amar. Defendermo-nos sem uma falha de atenção. Fechar a porta com duas voltas. E vir então para a rua. E ser quotidiano e medíocre. E ser amável. E ser igual, para que todos fiquem tranquilos sem a ameaça, a insolência, o insulto de uma 'diferença'. Já o disse. Mas não há mal em repetir." (p. 69)
Vergílio Ferreira, Conta-Corrente 1