Não sei se alguma vez vou conseguir falar sobre a Índia de uma forma objectiva, organizada, coerente. Foi tudo muito intenso e especial. Desde logo, a primeira sensação claustrofóbica de sair do aeroporto em Deli à meia-noite e mergulhar num calor sufocante, com cheiro a terra molhada, incenso, caril, lixo e "200 %" de humidade, que me acompanhou ao longo dos 16 dias.
Não vou fazer deste blogue o relato diarístico da viagem. Para isso comecei a escrever um diário à moda antiga, com o ainda provisório título: Diário da Índia e dias seguintes..., e para ficar bem guardadinho apenas na minha memória.
De qualquer forma, posso dizer que a impressão que tenho é que por lá andei sob a protecção de algum deus indiano, talvez Ganesh, já que tive a sorte de não ter passado por nenhuma peripécia desagradável: nunca houve problemas com as diluvianas monções (dois dias depois de sairmos de Deli, houve lá inundações), adorei toda a comida indiana que comi, nunca tive a mais leve dor de estômago, nada das anunciadas diarreias e, apesar de perder diariamente vários litros de água através da transpiração, sentia-me mais leve e bem-disposta do que nunca. Ah, é verdade, fui picada por uma abelha, mas como foi junto à Bodhi Tree em Bodhgaya (onde Buda foi iluminado) isto teve certamente um significado simbólico qualquer que ainda hei-de descobrir.
(Taj Mahal, Agra, 18 de Agosto de 2010, sob uma forte trovoada. Só começou a chover quando estávamos no autocarro.)