A etapa de ontem (a mítica chegada ao Col-du-Tourmalet) teve tudo menos uma chegada emocionante. À custa da extrema preocupação com a construção de uma imagem pública baseada no fairplay, Alberto Contador permite a Andy Schleck cruzar a linha da meta em primeiro lugar, depois de ter sido "crucificado" publicamente por não ter esperado pelo luxemburguês quando a corrente da sua bicicleta se soltou numa das etapas anteriores.
Aliás, nem sei se estas questões se podem associar a fairplay desportivo ou à falta dele... Não se trata propriamente de andar a "pregar rasteiras" aos companheiros de corrida, nem de andar às cabeçadas. A mim soa-me a calculismo desportivo, a etapas que parecem concluídas antes da partida. Contador, no qual vejo qualidades de um atleta excepcional, talvez o melhor ciclista da actualidade, provavelmente ganhará o Tour no próximo domingo sem ter vencido uma única etapa, já que leva 8 segundos de avanço e é (teoricamente) melhor do que Andy no contra-relógio.
Estranhos mundos estes em que se tem de disfarçar, dissimular que se é muito bom naquilo que se faz, não vão os outros pensar que se está a querer protagonismo e se ambiciona chegar em primeiro lugar. Parece-me que no desporto este tipo de arrogância ainda faz sentido. Daqui a dias terão de alterar o lema Citius, Altius, Fortius para algo do género: Citius, Altius, Fortius, Amicus!
(Para ver os últimos momentos da etapa: http://eurosport.yahoo.com/video/22072010/58/stage-17-minute.html)