Depois de várias fases opinativas (sempre foi não até hoje) quanto ao conceito de blogue e quanto à vertiginosa disseminação actual destes pequenos lugares de encontro, resolvi criar o meu... em jeito de diário de bordo de uma viagem que todos os dias tem encontro marcado com o Tempo, por isso estará repleto de generalidades, banalidades, comentários, reflexões, imagens, sons... Será bem-vindo a comentar quem vier por bem, mesmo que seja para discordar...
sexta-feira, 30 de abril de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
(Des)encontros...
No dia em que um dos meus professores de Literatura Inglesa recomendou a leitura de Cosmos (Carl Sagan) à minha turma de jovens universitários, recém-entrados nos verdes vinte anos, confesso que achei estranho.
O que teria Shakespeare a ver com um livro de ciência? Com o famoso cientista e astrónomo que eu conhecia dos documentários da RTP? Sinceramente, já não me lembro se, quando o acabei de ler, entendi perfeitamente a relação entre a Literatura e a Ciência... O que sei é que foi um dos livros de que mais gostei. (E não me peçam, por favor, que indique O livro, O filme, A música, O amigo, A cor de que gosto mais. Sou incapaz de tais eleições absolutistas. Deixam-me sempre ansiosa e, na dúvida, só me vêm à cabeça respostas disparatadas) Lá, li (leio) umas das mais bonitas declarações de amor que já ouvi:
"Na vastidão do espaço e na imensidão do tempo, é uma alegria para mim partilhar um planeta e uma época com Annie."
A maior parte das vezes não damos valor ao que temos à nossa volta. O quão "pequenos" somos num Universo que suspeito ser um pouco indiferente às nossas efémeras vidas. O quão especiais somos por existirmos, "encarnação local de um Cosmos que toma consciência de si próprio. Começámos a contemplar as nossas origens: pó de estrelas meditando acerca das estrelas; ajuntamentos organizados de dez mil biliões de biliões de átomos, descobrindo a longa caminhada que, pelo menos para nós, levou ao aparecimento da consciência. Devemos a nossa lealdade às espécies e ao nosso planeta. Somos nós que nos responsabilizamos pela Terra. Devemos a nossa obrigação de sobreviver não só a nós próprios, mas ao Cosmos, vasto e antigo, de onde despontámos."
Para reflectir...
Correndo o risco de pecar por defeito ou por excesso, por ingenuidade ou cinismo, em conversa com uma pessoa amiga, há pouco, escrutinámos que todos nós nos resumimos e agrupamos em quatro categorias, a saber:
- os simples-simples;
- os simples-tolos;
- os simples-complexos;
- os complexos-complexos.
Onde estou? Talvez pela amizade que nos une, fui simpaticamente incluída na terceira casta (atenção ao post anterior). Acreditem, tendo em conta o que dissemos das outras, foi claramente um elogio!
- os simples-simples;
- os simples-tolos;
- os simples-complexos;
- os complexos-complexos.
Onde estou? Talvez pela amizade que nos une, fui simpaticamente incluída na terceira casta (atenção ao post anterior). Acreditem, tendo em conta o que dissemos das outras, foi claramente um elogio!
segunda-feira, 26 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
Olhos Oceânicos...
(Phillip Plisson)
Inclinado nas tardes
Inclinado nas tardes lanço as minhas tristes redes aos teus olhos [oceânicos.
Ali se estira e arde na mais alta fogueira
a minha solidão que esbraceja como um náufrago.
Faço rubros sinais sobre os teus olhos ausentes
que ondeiam como o mar à beira dum farol.
Somente guardes trevas, fêmea distante e minha,
do teu olhar emerge às vezes o litoral de espanto.
Inclinado nas tardes lanço as minhas tristes redes a esse mar que sacode os teus olhos oceânicos.
Os pássaros nocturnos debicam as primeiras estrelas
que cintilam como a minha alma quando te amo.
Galopa a noite na sua égua sombria
derramando espigas azuis por sobre os campos.
Pablo Neruda
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Teorias da Relatividade...
Não, não vou falar de ciência, muito menos meter o pé na poça a falar de E ser igual a mc2 e ofender o Einstein que há dentro de cada um dos meus potenciais leitores...
No entanto, se a Física está em todo o lado, também deve estar nestas duas situações:
Situação 1:
"Conclusão de um técnico de vendas que é mandado a um país do Terceiro Mundo para fazer um relatório de estudo de mercado de uma empresa de calçado:
- Vejo grandes perspectivas de negócio: andam todos descalços. (visão optimista)
- Não vejo grandes perspectivas de negócio: andam todos descalços. (visão pessimista)"
(não anotei a fonte na altura que tirei a citação, mea culpa!)
Situação 2:
"Um psiquiatra considerou três tipos fundamentais de carácter: os indivíduos que procuram o convívio das outras pessoas; os que são contra as outras pessoas e os que se afastam delas. Cada um deles pode vir a ser, respectivamente, um próspero vendedor, um atleta de provas de competição e um filósofo. Em condições adversas, podem tornar-se, respectivamente, um playboy, um pistoleiro e um eremita."
Prof. Benjamim Miller, O Livro da Saúde: enciclopédia médica familiar,
Selecções do Reader's Digest
No topo do mundo...
Medricas como sou no que a aventuras e a desportos radicais diz respeito, a notícia da conquista do 14.º cume acima dos 8000 metros (o Annapurna), sem a ajuda de oxigénio artificial, pelo alpinista português João Garcia, no passado sábado, só me pode fazer arrancar um "uau" de admiração!
Descobrir o que leva o ser humano a tais proezas só pode ser mesmo respondido por aqueles que se "esforçaram mais do que prometia a força humana". Neste sentido, no "livrinho de citações", tomo III, que me acompanha há uns anos, encontrei o seguinte:
"Após ter sido questionado sobre a sua vontade de escalar o Evereste, Mallory, famoso alpinista, respondeu:
- Porque ele existe!"
Está tudo explicado!
2012, o ano de todos os apocalipses: mais uma "previsão... furada"?
No dia 10 de Abril, a revista Única, publicada semanalmente com o Expresso, apresentou uma interessante série de "Previsões... furadas!" que nos recorda que prever o futuro não é fácil. Mas mais difícil será depois talvez dar o braço a torcer... quando a previsão não acontece! Por isso, cuidado com as convicções peremptórias (o pleonasmo é propositado).
- "Acredito que haverá um mercado mundial para talvez uns cinco computadores." (Thomas Watson, presidente da IBM, 1943)
- "Ninguém vai precisar de mais de 637 kb de memória num computador pessoal. 640 kb será suficiente para qualquer um." (Bill Gates, 1981)
- "Quem é que raio quer ouvir os actores a falar?" (H.M.Warner, fundador da Warner Bros, 1927)
- "O telefone é uma boa invenção mas quem o quererá utilizar?" (Rutherford Hayes, Presidente dos EUA, 1876)
- "Os aviões são brinquedos interessantes, mas não têm valor militar." (Marechal Foch, professor de estratégia militar francês, 1904)
- ...
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Novo vício musical...
Combinação muito bonita de palavras e música...
"Parece Que o Destino Nos Quebrou"
Tiago Bettencourt
Parece que o destino nos quebrou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Parece que o teu sono nos largou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Veio a tempestade sem nos ver
Veio o vento forte e fez chover
Eu pensei que era tão bom
O amor dentro de nós era tão bom
Eu pensei e tu também
Que ninguém entrava em nós
Parece que este fumo nos mentiu
Levou-nos pela mão depois fugiu
E vem que não queres ver
Quem veio atrás sentir-me a pele
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra te esquecer
Parece que o veneno envenenou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Parece que esta curva nos virou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Depois de toda a festa não te vi
Larguei o que pesava e corri
Eu pensei que era tão bom
O amor dentro de nós era tão bom
Eu pensei e tu também
Que ninguém entrava em nós
Parece que o veneno nos mentiu
Perdeu-nos no caminho e fugiu
E vem que não queres ver
Quem veio atrás sentir-me a pele
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra te esquecer
Vem que não queres ver
Quem veio atrás sentir-me a pele
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra te esquecer
sábado, 17 de abril de 2010
Hoje o Tempo passou pelas Furnas assim...
(O povo chama "alhinhos" a esta planta, mas as semelhanças com Pollock são muitas...)
Redemoinho...
Apesar de olhar para o azul turquesa do mar do Pacífico e de outros locais paradísíacos como quem só pensa em fazer as malas e partir sem data de regresso, o azul do "meu" mar, quando encontra o negro do basalto, desdobra-se nestes tons intensos que não sei nomear...
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Imagens de arquivo VIII...
(Nice, França, 2009)
(Paris, França, 2007)
Para a amiga, seguidora e uma das principais vítimas das fotografias que vêm às centenas depois de cada regresso, aqui estão mais dois carrosséis, uma vez que o de ontem tanto a encantou... Por agora, esgotei o stock...
terça-feira, 13 de abril de 2010
Para reflectir...
(Arromanches - junto ao Museu do Desembarque -, Normandia, 2007)
"Dei a volta à vida toda - meu Deus. Se eu tivesse um fim de que não me envergonhasse. Está uma tarde linda. Uma voz canta-a da distância, entre o espaço do seu triunfo até ao meu olhar nublado. Sê calmo até à estupidez como a vida. E todavia. Dar a volta por quanto existi - e existisse tanto. Porque uma vida humana. Como ela é intensa. Porque o que nela acontece não é o que nela acontece mas a quantidade de nós que acontece nesse acontecer."
Vergílio Ferreira, Para Sempre
A trilogia do beijo...
(Alfred Eisenstaedt, "O Beijo", Times Square, 1945)
(Gustave Klimt, "O Beijo", 1907/8)
(Robert Doisneau, "O Beijo do Hotel de Ville", Paris, 1950)
domingo, 11 de abril de 2010
Imagens de arquivo VI...
Não sei se o Príncipe Alberto II do Mónaco teve oportunidade de tirar umas fotografias às ilhas dos Açores durante a visita oficial dos últimas dias à ilha do Faial... A memória real não deve precisar destes artifícios... A beleza estará sempre disponível no final de cada nova viagem a bordo de iates de luxo. Mas, como para mim a memória ainda precisa de uns cliques, lá tive de me entregar a esta árdua e ilustre vida de turista paparazzo...
(Fachada do Museu Oceanográfico, Mónaco, 2009)
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Moral da história...
Acabada de chegar à caixa de correio electrónico, leia-se a seguinte passagem de verdadeira sabedoria:
"Quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas...
Um sujeito estava a colocar flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês a colocar um prato de arroz na lápide ao lado.
Ele vira-se para o chinês e pergunta:
- Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, e geralmente à mesma hora que o seu vem cheirar as flores!!!
NUNCA JULGUE. APENAS COMPREENDA!"
Crónicas de uma tarde na biblioteca... Episódio II
Nem de propósito, o grupo acabou de sair. Será que abriram o meu blogue e se reconheceram na sarcástica apresentação? É mais provável que tenham ido para alguma aula. Daqui a uma hora se calhar estarão de volta, com as baterias recarregadas, para mais momentos de alegre e barulhento convívio...
Crónicas de uma tarde na biblioteca... Episódio I
É triste ver à minha frente três jovens universitários tão bem equipados de material informático, telemóveis, mp4; planos para realização de páginas web; dúvidas sobre o x, y e z... E não saberem que estar numa biblioteca é respeitar o silêncio dos outros, o silêncio dos livros...
quinta-feira, 8 de abril de 2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Crónicas de um fim de tarde no ginásio... Episódio III
Se Hércules tivesse existido... melhor dizendo... se Hércules tivesse existido e vivido no século XXI, não teria doze hercúleos trabalhos para realizar, mas sim treze. Matar o leão de Nemeia? Capturar o touro de Creta? Nada disso!
Queria era vê-lo a ter a coragem de se afastar da cadeira que TODO O DIA me sentou em frente do computador e ainda ter força para ir fazer acrobacias em cima do step... Se juntarmos a isto as (poucas) dezenas de amêndoas (de chocolate) ingeridas ao longo das últimas duas semanas... Foi vê-las ali a consumirem-se em cada gota de suor... No regresso a casa, ainda houve fôlego para ir cantando no carro "Motorcycle Emptiness" dos Manic Street Preachers e ir ao frigorífico roubar um pomo de ouro roubado do jardim das Hespérides.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
A quem interessar... e tiver o poder de mudar a situação...
A propósito de algumas leituras obrigatórias (as férias também têm destas coisas, acreditem ou não), voltei a ler um ensaio de Francis Bacon (filósofo, político e ensaísta inglês), publicado em 1597 e intitulado "Das sedições e dos tumultos". Não obstante o diferente contexto espácio-temporal, surpreende pela sua actualidade e pertinência das reflexões. Que cada um tire as devidas conclusões...
"[...] Assim, quando os quatro pilares do governo (que são a religião, a justiça, o conselho e o tesouro) estão abalados ou enfraquecidos, pode o povo fazer preces por melhores tempos. [...]
As causas e os motivos das sedições são: inovações religiosas, impostos, alterações nas leis e nos costumes, violação de privilégios, opressão geral, ascensão de pessoas indignas, estrangeiros, fomes, soldados licenciados, facções desesperadas, enfim, tudo quanto ofendendo o povo, ao mesmo tempo o reúne e agrupa na defesa da mesma causa.
[...]
O primeiro remédio ou preventivo é remover por todos os meios possíveis a causa material da sedição, de que falamos já, a saber: a pobreza ou a miséria do Estado. Para este fim servem o desenvolvimento e o equilíbrio do comércio; a protecção às indústrias; o banimento da ociosidade; a repressão, por leis sumptuárias, do desperdício e do luxo; o tratamento e o aproveitamento do solo; o regulamento dos preços de venda das mercadorias; a moderação dos impostos e das contribuições; etc. Geralmente é preciso vigiar que a população do Estado (sobretudo se não for diminuída pela guerra) não exceda a produção do país que a deve manter."
sábado, 3 de abril de 2010
Desafio do dia...
("Duas mulheres à janela", 1670, Bartolomé Esteban Murillo)
- O que estão a ver as "duas mulheres"? Por que razão reagem de maneira diferente?
sexta-feira, 2 de abril de 2010
O Tempo...
Indiferente,
O Tempo escorre em ampulhetas e clepsidras
Ajustado em areias que a água não dissolve
Assim vai em pisos estreitos
Amolecido
Dormente
Desgastando as vidas
Que a ele se agarram
Ganham existência
E nele... morrem
Diferentes.
O Tempo escorre em ampulhetas e clepsidras
Ajustado em areias que a água não dissolve
Assim vai em pisos estreitos
Amolecido
Dormente
Desgastando as vidas
Que a ele se agarram
Ganham existência
E nele... morrem
Diferentes.
Sem título...
Ao ver, num dos oportunos filmes sobre a vida de Maria e Jesus que os canais de televisão passam nestes dias de Páscoa, a cena do baptismo de Jesus por S. João Baptista, veio-me à memória uma outra forma de baptismo, de inscrição, de pertença... que, ultrapassando a religiosa, dela não se consegue porém desligar totalmente:
"Eu te baptizo em nome da Terra, dos astros e da perfeição."
Vergílio Ferreira, Em Nome da Terra
Sobre o medo...
Faz hoje cinco anos. No restaurante, onde a televisão transmitia a notícia, fez-se silêncio. Nó na garganta. Perdi o apetite...
De todas as mensagens do Papa João Paulo II, há uma que teima em querer dizer-me algo: "Non abbiate paura! Aprite, anzi spalancate le porte a Cristo!"
Para reflectir: "Não se procura uma doutrina para acharmos a verdade nela, mas para acharmos nela a verdade que é a nossa." (Vergílio Ferreira)
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Sobre o perfume...
(Versailles, França, 2007)
Só em 2001 li O Perfume: história de um assassino, apesar de já andar desde há uns dez anos àquela parte para fazê-lo. Às vezes, o processo de leitura tem destas coisas... Ver o filme em 2006 foi igualmente uma experiência olorosa. Brilhante interpretação de Ben Whishaw como Jean-Baptiste Grenouille.
"Tinha coleccionado, e à disposição, dezenas, centenas de milhares de odores específicos com uma tal precisão e facilidade, que não só os recordava quando voltava a cheirá-los, como os cheirava realmente ao recordar-se deles; conseguia, além disso, servir-se da imaginação para os combinar de formas novas e criar no seu íntimo odores que não existiam no mundo real. Era como se tivesse aprendido sem qualquer ajuda e estivesse de posse de um gigantesco vocabulário de odores, que lhe permitia construir uma quase infinidade de frases olfactivas [...]."
Patrick Suskind, O Perfume: história de um assassino
Sem título...
(Ponta Delgada, 2006)
"Era o amor puro sem outro fim que o próprio amor. Sem posse e sem ciúme.
- Ninguém consegue atar um trovão e ninguém consegue apropriar-se dos céus do outro no momento do abandono."
Luís Sepúlveda, O Velho que Lia Romances de Amor
Sobre a solidão...
(Parque Terra Nostra, S. Miguel, 2010)
"Para Mercier, o niilista é a forma última do espírito livre, do ateu e do materialista, é um egoísta, que se isolou totalmente e se converteu no centro do universo, após ter destronado o ser supremo. O niilista deve hoje e eternamente viver só, pois o inferno é a solidão."
Miguel Baptista Pereira, Modernidade e Tempo: para uma leitura do discurso moderno, p. 129
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