sexta-feira, 30 de abril de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

(Des)encontros...

    












(encontrada, entre outros espaços, aqui: http://www.navigare.tur.br/conteudo/item26656.asp)

       No dia em que um dos meus professores de Literatura Inglesa recomendou a leitura de Cosmos (Carl Sagan) à minha turma de jovens universitários, recém-entrados nos verdes vinte anos, confesso que achei estranho.
      O que teria Shakespeare a ver com um livro de ciência? Com o famoso cientista e astrónomo que eu conhecia dos documentários da RTP? Sinceramente, já não me lembro se, quando o acabei de ler, entendi perfeitamente a relação entre a Literatura e a Ciência... O que sei é que foi um dos livros de que mais gostei. (E não me peçam, por favor, que indique O livro, O filme, A música, O amigo, A cor de que gosto mais. Sou incapaz de tais eleições absolutistas. Deixam-me sempre ansiosa e, na dúvida, só me vêm à cabeça respostas disparatadas) Lá, li (leio) umas das mais bonitas declarações de amor que já ouvi:

"Na vastidão do espaço e na imensidão do tempo, é uma alegria para mim partilhar um planeta e uma época com Annie."

      A maior parte das vezes não damos valor ao que temos à nossa volta. O quão "pequenos" somos num Universo que suspeito ser um pouco indiferente às nossas efémeras vidas. O quão especiais somos por existirmos, "encarnação local de um Cosmos que toma consciência de si próprio. Começámos a contemplar as nossas origens: pó de estrelas meditando acerca das estrelas; ajuntamentos organizados de dez mil biliões de biliões de átomos, descobrindo a longa caminhada que, pelo menos para nós, levou ao aparecimento da consciência. Devemos a nossa lealdade às espécies e ao nosso planeta. Somos nós que nos responsabilizamos pela Terra. Devemos a nossa obrigação de sobreviver não só a nós próprios, mas ao Cosmos, vasto e antigo, de onde despontámos."

Para reflectir...

Correndo o risco de pecar por defeito ou por excesso, por ingenuidade ou cinismo, em conversa com uma pessoa amiga, há pouco, escrutinámos que todos nós nos resumimos e agrupamos em quatro categorias, a saber:
- os simples-simples;
- os simples-tolos;
- os simples-complexos;
- os complexos-complexos.
Onde estou? Talvez pela amizade que nos une, fui simpaticamente incluída na terceira casta (atenção ao post anterior). Acreditem, tendo em conta o que dissemos das outras, foi claramente um elogio!

domingo, 25 de abril de 2010

Olhos Oceânicos...

(Phillip Plisson)

Inclinado nas tardes

Inclinado nas tardes lanço as minhas tristes redes aos teus olhos [oceânicos.
Ali se estira e arde na mais alta fogueira
a minha solidão que esbraceja como um náufrago.
Faço rubros sinais sobre os teus olhos ausentes
que ondeiam como o mar à beira dum farol.
Somente guardes trevas, fêmea distante e minha,
do teu olhar emerge às vezes o litoral de espanto.
Inclinado nas tardes lanço as minhas tristes redes
a esse mar que sacode os teus olhos oceânicos.
Os pássaros nocturnos debicam as primeiras estrelas
que cintilam como a minha alma quando te amo.
Galopa a noite na sua égua sombria
derramando espigas azuis por sobre os campos.
Pablo Neruda

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Teorias da Relatividade...

Não, não vou falar de ciência, muito menos meter o pé na poça a falar de E ser igual a mc2 e ofender o Einstein que há dentro de cada um dos meus potenciais leitores...
No entanto, se a Física está em todo o lado, também deve estar nestas duas situações:

Situação 1:
"Conclusão de um técnico de vendas que é mandado a um país do Terceiro Mundo para fazer um relatório de estudo de mercado de uma empresa de calçado:
- Vejo grandes perspectivas de negócio: andam todos descalços. (visão optimista)
- Não vejo grandes perspectivas de negócio: andam todos descalços. (visão pessimista)"

(não anotei a fonte na altura que tirei a citação, mea culpa!)

Situação 2:
"Um psiquiatra considerou três tipos fundamentais de carácter: os indivíduos que procuram o convívio das outras pessoas; os que são contra as outras pessoas e os que se afastam delas. Cada um deles pode vir a ser, respectivamente, um próspero vendedor, um atleta de provas de competição e um filósofo. Em condições adversas, podem tornar-se, respectivamente, um playboy, um pistoleiro e um eremita."

Prof. Benjamim Miller, O Livro da Saúde: enciclopédia médica familiar,
Selecções do Reader's Digest

No topo do mundo...

      Medricas como sou no que a aventuras e a desportos radicais diz respeito, a notícia da conquista do 14.º cume acima dos 8000 metros (o Annapurna), sem a ajuda de oxigénio artificial,  pelo alpinista português João Garcia, no passado sábado, só me pode fazer arrancar um "uau" de admiração!
      Descobrir o que leva o ser humano a tais proezas só pode ser mesmo respondido por aqueles que se "esforçaram mais do que prometia a força humana". Neste sentido, no "livrinho de citações", tomo III, que me acompanha há uns anos, encontrei o seguinte:
      "Após ter sido questionado sobre a sua vontade de escalar o Evereste, Mallory, famoso alpinista, respondeu:
      - Porque ele existe!"
      Está tudo explicado! 

2012, o ano de todos os apocalipses: mais uma "previsão... furada"?

No dia 10 de Abril, a revista Única, publicada semanalmente com o Expresso, apresentou uma interessante série de "Previsões... furadas!" que nos recorda que prever o futuro não é fácil. Mas mais difícil será depois talvez dar  o braço a torcer... quando a previsão não acontece! Por isso, cuidado com as convicções peremptórias (o pleonasmo é propositado).
- "Acredito que haverá um mercado mundial para talvez uns cinco computadores." (Thomas Watson, presidente da IBM, 1943)
- "Ninguém vai precisar de mais de 637 kb de memória num computador pessoal. 640 kb será suficiente para qualquer um." (Bill Gates, 1981)
- "Quem é que raio quer ouvir os actores a falar?" (H.M.Warner, fundador da Warner Bros, 1927)
- "O telefone é uma boa invenção mas quem o quererá utilizar?" (Rutherford Hayes, Presidente dos EUA, 1876)
- "Os aviões são brinquedos interessantes, mas não têm valor militar." (Marechal Foch, professor de estratégia militar francês, 1904)
- ...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Novo vício musical...


Combinação muito bonita de palavras e música...

"Parece Que o Destino Nos Quebrou"
Tiago Bettencourt


Parece que o destino nos quebrou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Parece que o teu sono nos largou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Veio a tempestade sem nos ver
Veio o vento forte e fez chover
Eu pensei que era tão bom
O amor dentro de nós era tão bom
Eu pensei e tu também
Que ninguém entrava em nós
Parece que este fumo nos mentiu
Levou-nos pela mão depois fugiu

E vem que não queres ver
Quem veio atrás sentir-me a pele
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra te esquecer

Parece que o veneno envenenou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Parece que esta curva nos virou
Mas não mais a tristeza voltará a mim
Depois de toda a festa não te vi
Larguei o que pesava e corri
Eu pensei que era tão bom
O amor dentro de nós era tão bom
Eu pensei e tu também
Que ninguém entrava em nós
Parece que o veneno nos mentiu
Perdeu-nos no caminho e fugiu

E vem que não queres ver
Quem veio atrás sentir-me a pele
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra te esquecer

Vem que não queres ver
Quem veio atrás sentir-me a pele
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra me entreter
P’ra te esquecer

sábado, 17 de abril de 2010

Ribeira Quente...



Porto Formoso...

Hoje o Tempo passou pelas Furnas assim...

(Donald, Huguinho, Zezinho, Luisinho, Margarida, Patinhas...)
(O povo chama "alhinhos" a esta planta, mas as semelhanças com Pollock são muitas...)

Redemoinho...


      Apesar de olhar para o azul turquesa do mar do Pacífico e de outros locais paradísíacos como quem só pensa em fazer as malas e partir sem data de regresso, o azul do "meu" mar, quando encontra o negro do basalto, desdobra-se nestes tons intensos que não sei nomear...

"Natureza morta"...

      Nesta imagem apenas dois frutos/legumes são naturais. Consegue identificá-los?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Imagens de arquivo VIII...

(Nice, França, 2009)

(Paris, França, 2007)

Para a amiga, seguidora e uma das principais vítimas das fotografias que vêm às centenas depois de cada regresso, aqui estão mais dois carrosséis, uma vez que o de ontem tanto a encantou... Por agora, esgotei o stock...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Variações II...










































(Óbidos, Portugal, 2007)

Para reflectir...

(Arromanches - junto ao Museu do Desembarque -, Normandia, 2007)

"Dei a volta à vida toda - meu Deus. Se eu tivesse um fim de que não me envergonhasse. Está uma tarde linda. Uma voz canta-a da distância, entre o espaço do seu triunfo até ao meu olhar nublado. Sê calmo até à estupidez como a vida. E todavia. Dar a volta por quanto existi - e existisse tanto. Porque uma vida humana. Como ela é intensa. Porque o que nela acontece não é o que nela acontece mas a quantidade de nós que acontece nesse acontecer."

Vergílio Ferreira, Para Sempre

A trilogia do beijo...

(Alfred Eisenstaedt, "O Beijo", Times Square, 1945)

(Gustave Klimt, "O Beijo", 1907/8)

(Robert Doisneau, "O Beijo do Hotel de Ville", Paris, 1950)

domingo, 11 de abril de 2010

Imagens de arquivo VII...























































(Innsbruck, Áustria, 2009)

Imagens de arquivo VI...

Não sei se o Príncipe Alberto II do Mónaco teve oportunidade de tirar umas fotografias às ilhas dos Açores durante a  visita oficial dos últimas dias à ilha do Faial... A memória real não deve precisar destes artifícios... A beleza estará sempre disponível no final de cada nova viagem a bordo de iates de luxo. Mas, como para mim a memória ainda precisa de uns cliques, lá tive de me entregar a esta árdua e ilustre vida de turista paparazzo...  
(Fachada do Museu Oceanográfico, Mónaco, 2009)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Moral da história...

Acabada de chegar à caixa de correio electrónico, leia-se a seguinte passagem de verdadeira sabedoria:

      "Quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas...
      Um sujeito estava a colocar flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês a colocar um prato de arroz na lápide ao lado.
      Ele vira-se para o chinês e pergunta:
      - Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto virá comer o arroz?
      E o chinês responde:
      - Sim, e geralmente à mesma hora que o seu vem cheirar as flores!!!

      NUNCA JULGUE. APENAS COMPREENDA!"

Crónicas de uma tarde na biblioteca... Episódio II

Nem de propósito, o grupo acabou de sair. Será que abriram o meu blogue e se reconheceram na sarcástica apresentação? É mais provável que tenham ido para alguma aula. Daqui a uma hora se calhar estarão de volta, com as baterias recarregadas, para mais momentos de alegre e barulhento convívio... 

Crónicas de uma tarde na biblioteca... Episódio I

É triste ver à minha frente três jovens universitários tão bem equipados de material informático, telemóveis, mp4; planos para realização de páginas web; dúvidas sobre o x, y e z... E não saberem que estar numa biblioteca é respeitar o silêncio dos outros, o silêncio dos livros...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"And I quote..."

‘You're only young once, but you can be immature forever.’
GERMAINE GREER

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Crónicas de um fim de tarde no ginásio... Episódio III

      Se Hércules tivesse existido... melhor dizendo... se Hércules tivesse existido e vivido no século XXI, não teria doze hercúleos trabalhos para realizar, mas sim treze. Matar o leão de Nemeia? Capturar o touro de Creta? Nada disso!
      Queria era vê-lo a ter a coragem de se afastar da cadeira que TODO O DIA me sentou em frente do computador e ainda ter força para ir fazer acrobacias em cima do step... Se juntarmos a isto as (poucas) dezenas de amêndoas (de chocolate) ingeridas ao longo das últimas duas semanas... Foi vê-las ali a consumirem-se em cada gota de suor... No regresso a casa, ainda houve fôlego para ir cantando no carro "Motorcycle Emptiness" dos Manic Street Preachers e ir ao frigorífico roubar um pomo de ouro roubado do jardim das Hespérides.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A quem interessar... e tiver o poder de mudar a situação...

      A propósito de algumas leituras obrigatórias (as férias também têm destas coisas, acreditem ou não), voltei a ler um ensaio de Francis Bacon (filósofo, político e ensaísta inglês),  publicado em 1597 e  intitulado "Das sedições e dos tumultos". Não obstante o diferente contexto espácio-temporal, surpreende pela sua actualidade e pertinência das reflexões. Que cada um tire as devidas conclusões...
      "[...]
      Assim, quando os quatro pilares do governo (que são a religião, a justiça, o conselho e o tesouro) estão abalados ou enfraquecidos, pode o povo fazer preces por melhores tempos. [...]
      As causas e os motivos das sedições são: inovações religiosas, impostos, alterações nas leis e nos costumes, violação de privilégios, opressão geral, ascensão de pessoas indignas, estrangeiros, fomes, soldados licenciados, facções desesperadas, enfim, tudo quanto ofendendo o povo, ao mesmo tempo o reúne e agrupa na defesa da mesma causa.
      [...]
      O primeiro remédio ou preventivo é remover por todos os meios possíveis a causa material da sedição, de que falamos já, a saber: a pobreza ou a miséria do Estado. Para este fim servem o desenvolvimento e o equilíbrio do comércio; a protecção às indústrias; o banimento da ociosidade; a repressão, por leis sumptuárias, do desperdício e do luxo; o tratamento e o aproveitamento do solo; o regulamento dos preços de venda das mercadorias; a moderação dos impostos e das contribuições; etc. Geralmente é preciso vigiar que a população do Estado (sobretudo se não for diminuída pela guerra) não exceda a produção do país que a deve manter."

sábado, 3 de abril de 2010

Desafio do dia...

("Duas mulheres à janela", 1670, Bartolomé Esteban Murillo)

- O que estão a ver as "duas mulheres"? Por que razão reagem de maneira diferente?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O Tempo...

Indiferente,
O Tempo escorre em ampulhetas e clepsidras
Ajustado em areias que a água não dissolve
Assim vai em pisos estreitos
Amolecido
Dormente
Desgastando as vidas
Que a ele se agarram
Ganham existência
E nele... morrem
Diferentes.

Sem título...

Ao ver, num dos oportunos filmes sobre a vida de Maria e Jesus que os canais de televisão passam nestes dias de Páscoa, a cena do baptismo de Jesus por S. João Baptista, veio-me à memória uma outra forma de baptismo, de inscrição, de pertença... que, ultrapassando a religiosa, dela não se consegue porém desligar totalmente:

"Eu te baptizo em nome da Terra, dos astros e da perfeição."

Vergílio Ferreira, Em Nome da Terra

Sobre o medo...


Faz hoje cinco anos. No restaurante, onde a televisão transmitia a notícia, fez-se silêncio. Nó na garganta. Perdi o apetite...

De todas as mensagens do Papa João Paulo II, há uma que teima em querer dizer-me algo: "Non abbiate paura! Aprite, anzi spalancate le porte a Cristo!"

Para reflectir: "Não se procura uma doutrina para acharmos a verdade nela, mas para acharmos nela a verdade que é a nossa." (Vergílio Ferreira)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sobre o perfume...

(Versailles, França, 2007)

      Só em 2001 li O Perfume: história de um assassino, apesar de já andar desde há uns dez anos àquela parte para fazê-lo. Às vezes, o processo de leitura tem destas coisas... Ver o filme em 2006 foi igualmente uma experiência olorosa. Brilhante interpretação de Ben Whishaw como Jean-Baptiste Grenouille.

"Tinha coleccionado, e à disposição, dezenas, centenas de milhares de odores específicos com uma tal precisão e facilidade, que não só os recordava quando voltava a cheirá-los, como os cheirava realmente ao recordar-se deles; conseguia, além disso, servir-se da imaginação para os combinar de formas novas e criar no seu íntimo odores que não existiam no mundo real. Era como se tivesse aprendido sem qualquer ajuda e estivesse de posse de um gigantesco vocabulário de odores, que lhe permitia construir uma quase infinidade de frases olfactivas [...]."

Patrick Suskind, O Perfume: história de um assassino

Sem título...

(Ponta Delgada, 2006)

"Era o amor puro sem outro fim que o próprio amor. Sem posse e sem ciúme.
- Ninguém consegue atar um trovão e ninguém consegue apropriar-se dos céus do outro no momento do abandono."

Luís Sepúlveda, O Velho que Lia Romances de Amor

Imagens de arquivo V...

(Paris, 2007)

Sobre a preguiça...

(Castelo Cheverny, França, 2007) 

Sobre a solidão...

(Parque Terra Nostra, S. Miguel, 2010)

"Para Mercier, o niilista é a forma última do espírito livre, do ateu e do materialista, é um egoísta, que se isolou totalmente e se converteu no centro do universo, após ter destronado o ser supremo. O niilista deve hoje e eternamente viver só, pois o inferno é a solidão."

Miguel Baptista Pereira, Modernidade e Tempo: para uma leitura do discurso moderno, p. 129