Depois de várias fases opinativas (sempre foi não até hoje) quanto ao conceito de blogue e quanto à vertiginosa disseminação actual destes pequenos lugares de encontro, resolvi criar o meu... em jeito de diário de bordo de uma viagem que todos os dias tem encontro marcado com o Tempo, por isso estará repleto de generalidades, banalidades, comentários, reflexões, imagens, sons... Será bem-vindo a comentar quem vier por bem, mesmo que seja para discordar...
quinta-feira, 31 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
...
Amanhã o tempo passará mais devagar na Assembleia da República por causa da aprovação (ou não) do anunciado PEC 4. Se a crise política que decorrerá da demissão (ou não) do Governo me assusta? Não! Assustam-me muito mais as medidas dos PEC 5, 6, 7 (que provavelmente o próximo Primeiro-Ministro tomará para corrigir os desastres dos PEC anteriores) e todas as novas peripécias em que entretanto também ele se enredará enquanto sobre ele recair a aura redentora de um salvador da pátria.
Não nos iludamos.
Nem que venha D. Sebastião sairemos do nevoeiro tão cedo...
Ainda sobre a "geração à rasca"...
Recebi há dias este texto por e-mail, cuja autoria é atribuída a Rogério Nunes. Não conheço o sr., nem sei se o texto é originalmente seu; no entanto, pelo conteúdo de algumas passagens que nos mostram um pouco do reverso da medalha da situação lastimosa e vitimizada da geração em causa, não pude deixar de lhe fazer referência...
"Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca? Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes. Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. Foi então que os pais ficaram à rasca. Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado. Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuara pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais. São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água eda luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquer coisa phones ou pads, sempre de última geração. São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar! A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados. Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional. Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere. Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam. Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras. Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável. Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada. Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio. Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração? Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos! Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós). Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida. E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!! Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens. Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles. A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço? Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta. Pode ser que nada/ninguém seja assim."
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados. Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional. Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere. Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam. Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras. Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável. Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada. Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio. Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração? Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos! Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós). Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida. E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!! Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens. Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles. A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço? Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta. Pode ser que nada/ninguém seja assim."
Rogério Nunes
segunda-feira, 21 de março de 2011
Em Dia Mundial da Poesia...
"A poesia é a minha explicação com o universo,
a minha convivência com as coisas, a minha participação no real (…)".
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
domingo, 20 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
Sobre a dor...
(a caminho de Bodh Gaya, 22/08/10)
sábado, 12 de março de 2011
Será?
Até agora não ouvi na Comunicação Social nenhuma referência a este facto. Haverá mesmo ligação entre estas recentes explosões solares e o que aconteceu no Japão? Será que o raro alinhamento astronómico de que tanto se fala entre o Sol, a Terra e a Lua, no ano 2012, provocará mais algum (ou o grande) cataclismo?
After four years without any X-flares, the sun has produced two of the powerful blasts in less than one month: Feb. 15th and March 9th. This continues the recent trend of increasing solar activity associated with our sun's regular 11-year cycle, and confirms that Solar Cycle 24 is indeed heating up, as solar experts have expected. Solar activity will continue to increase as the solar cycle progresses toward solar maximum, expected in the 2013 time frame.
Para mais informações: http://globalrumblings.blogspot.com/2011/03/japan-earthquake-and-tsunami-caused-by.html
"Geração à rasca"?
Espero que a mega-manifestação de hoje tenha servido, entre outras coisas, para mostrar ao país que falar de uma "geração à rasca" é uma tolice, porque, pela variedade de níveis etários dos manifestantes que pude ver pela televisão, todas as gerações estão "à rasca" no nosso país.
Senão, veja-se:
1. Dos 0 aos 25 anos - a geração da incerteza quanto ao futuro: abolição de abonos, incerteza quanto ao primeiro emprego (para o qual uma licenciatura já não é nenhuma garantia)...
2. Dos 26 aos 50 (na qual me incluo) - a que já atingiu alguma estabilidade financeira, familiar, etc., mas que vê as prestações das casas a subir, os vencimentos a serem cortados, o IRS a engolir parte do salário, o trabalho precário, a incerteza quanto à garantia de reforma...
3. Dos 51 aos 75 - a que enfrenta taxas de desemprego preocupantes, cortes nas pensões, aumento do preço dos medicamentos...
4. Dos 76 aos ...
A boa notícia é que no meio de todas estas desgraças ainda se vai conseguindo poupar para uma ou outra viagem, uma ou outra extravagância gastronómica, de vestuário e acessórios. Até quando?
quinta-feira, 10 de março de 2011
Sobre a luz e a sombra...
Nem será preciso invocar a Teoria da Caverna para chegarmos à conclusão de que os nossos olhos nos enganam (num primeiro e rápido relance) ao olhar para esta fotografia. O que nos parecia a essência (o camelo) é de facto a sua sombra (a aparência). Truques de luz e de sombra! É preciso estar atento. Até há provérbios que nos ajudam, é verdade ("As aparências iludem"), mas nem sempre nos conseguimos libertar das correntes que nos amarram às sombras das cavernas da vida...
quarta-feira, 9 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
domingo, 6 de março de 2011
"Em todos os jardins"
(minha varanda, ontem)
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.
[...]"
Sophia de Mello Breyner Andresen
"Mar"
(S. Vicente, hoje)
"De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Cheiro a terra as árvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro."
Sophia de Mello Breyner Andresen
sexta-feira, 4 de março de 2011
quinta-feira, 3 de março de 2011
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